Visita Guiada à Lisboa da escravatura e do colonialismo, 25 maio 2024
Durante vários séculos, de Quinhentos até hoje, uma longa, constante e continuada migração de populações africanas que, «à força» até aos finais do século XVIII, e depois «pela força» do colonialismo do fim de Oitocentos a 1974, e da globalização dos nossos dias, foi-se instalando na cidade de Lisboa.
Durante vários séculos, de Quinhentos até hoje, uma longa, constante e continuada migração de populações africanas que, «à força» até aos finais do século XVIII, e depois «pela força» do colonialismo do fim de Oitocentos a 1974, e da globalização dos nossos dias, foi-se instalando na cidade de Lisboa. Esta foi a capital de um enorme império colonial que, ao longo de séculos, foi responsável pelo tráfico de milhões de pessoas escravizadas, por regimes de trabalho forçado que brutalizaram os povos colonizados, pela espoliação de territórios em diversos pontos do mundo, pela destruição da natureza em nome da economia de plantações. Este pesado legado colonial vive no racismo estrutural, no apagamento das epistemologias e histórias não europeias, nas narrativas oficiais que perpetuam o lusotropicalismo até hoje. A paisagem memorial lisboeta, até hoje, persiste contando uma história que glorifica o império português e que procura silenciar a história da violência colonial e da cultura das comunidades africanas que há séculos habitaram a cidade.
Percorrendo a cidade, munidos do conhecimento histórico, somos surpreendidos pela vigorosa presença africana que invadiu todos os espaços da sociedade lisboeta, reconstruímos uma Lisboa escondida, submersa por um preconceito secular que ainda domina o nosso imaginário colectivo, e compreendemos não só comportamentos, valores, práticas que permanecem nos quotidianos urbanos, como também as reinvenções constantes da identidade portuguesa.
A visita guiada foi organizada por Isabel Castro Henriques, Elsa Peralta e Leonor Rosas e com a participação de Cristina Roldão, José Augusto Pereira e Pedro Varela.