Visita Guiada à Covilhã Operária

Inscreve-te na visita guiada de 6 de maio à Covilhã Operária

30 Abril 2023 |

Nesta visita guiada, levamos-te numa viagem pela história industrial da região. Existe um número máximo de 40 participantes. Inscreve-te preenchendo este formulário.

Na Covilhã, a industrialização foi um processo lento que se acelerou no século XIX, ainda que as potencialidades industriais da cidade tivessem sido já aproveitadas, ainda no século XVIII, quando na cidade se instalou a Real Fábrica dos Panos, junto à Ribeira da Degoldra. Durante o desenrolar do século XIX, a produção doméstica e artesanal de tecidos de lã na região da Beira Interior transitou para um regime de produção industrial, estabelecendo-se uma forte concentração fabril no concelho da Covilhã. Desta transformação resultou que entre 1822 e 1890, a população do concelho aumentou de 21.539 para 47.881 habitantes e a sua população urbana de 6.957 para 17.542 habitantes. A industrialização tornou-se, então, a marca indelével desta nova “cidade-fábrica”, determinando a sua identidade económica, social e política durante todo o século XIX e XX.

Ao mesmo tempo, a génese da formação do operariado na cidade, e a sua condição social e de classe, está diretamente relacionada com a história do movimento associativo e das lutas operárias desse período, mas também com a formação de cultura operária local, marcada pela imprensa operária, pelas festividades sociais e políticas, pelas culturas de ofício e por um quotidiano sublinhado pela rotina e o risco, a doença e a boémia.

A história industrial da cidade, contada por tantos dos seus edifícios industriais, a maior parte deles ao abandono, foi também construída pelo envolvimento do seu movimento operário nos grandes acontecimentos políticos do seu tempo, dos conflitos sociais que marcam o fim da monarquia constitucional às lutas operárias dos anos da I República, da oposição ao Estado Novo, em particular no pós-guerra, à construção da democracia no processo revolucionário de 1974/75. Com o encerramento do processo revolucionário, e o posterior processo de adesão à CEE, a cidade viveu a mesma história que muitas zonas do país: um processo de desindustrialização que transformou o tecido social da cidade. Só entre 1974 e 1993 encerraram na cidade 111 empresas de lanifícios, deixando milhares de pessoas e famílias sem trabalho ou segurança. Sobreviventes, todas elas, de um processo de declínio de uma cidade onde algumas ainda hoje vivem, como podem, reféns de reformas de miséria e inversamente proporcionais às longas jornadas de trabalho com que construíram a história e a vida da sua cidade.

Nesta visita guiada, levamo-los numa viagem pela história industrial da região, traçando uma linha cronológica a partir dos primórdios da industrialização local, passando pelas várias etapas que caracterizam a organização histórica do operariado covilhanense, e culminando no movimento que dá origem às greves de 1941.

Através da historiografia destas lutas, procuramos reavivar a memória da resistência operária contra a miséria e contra a exploração laboral; pelo direito à organização coletiva na busca por emancipação económica. Atravessando os séculos, entre conquistas e derrotas, a luta dos trabalhadores dos lanifícios por uma vida digna persiste até aos dias de hoje.

INÍCIO DA VISITA - 10H00 (encontro em frente ao Museu de Arte Sacra)

1. Jardim Público

Um resumo da história da Covilhã Operária com Elisa Calado Pinheiro, primeira diretora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, profunda conhecedora das memórias do património industrial da Covilhã. Com António Assunção, professor, investigador e autor da obra “O Movimento Operário da Covilhã”, ficaremos a conhecer a peculiar história de 1909, dos operários da 'Campos de Mello' contra Thoratier, o responsável pela agudização das condições de trabalho naquela fábrica.

2. Casa Sindical - Sede do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa:
Na visita a este edifício sede, Luís Garra, ativista e dirigente sindical há mais de 40 anos, contará a história deste edifício e as lutas que lá se travaram. Aqui também teremos oportunidade de conhecer o trabalho atual desta organização e assistiremos ao documentário “Covilhã, Cidade Fábrica”, realizado por Inês Teixeira, que nos mostrará rostos e depoimentos de quem fez esta história de luta.

3. Pelourinho:
A partir do livro de Ferreira de Castro, “A Lã e a Neve”, publicado pela primeira vez em 1947, Fernando Rosas, historiador, relatará o ambiente de pobreza e exploração que se vivia na Serra da Estrela. A história de um pastor que se torna operário fabril e que assiste a uma guerra mundial com a esperança num mundo melhor.

ALMOÇO - 12H30
Paragem para almoçar e retemperar forças, na cantina da universidade

VISITA AO MUSEU - 14H30
4.    Museu dos Lanifícios:

Realizaremos uma visita guiada ao Museu dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior. Trata-se de um museu de ciência e tecnologia que guarda a memória da indústria dos lanifícios na Beira Interior. O contexto antropológico, económico, social, cultural, ambiental e político desta indústria é o objeto do Museu.

No final da visita teremos um momento musical com Gonçalo Batista e Gabriel Neves.

FINAL DA VISITA - 17H30

Valor da inscrição: 10 euros
Inclui almoço e visita ao Museu.

A participação na visita está sujeita a inscrição e só será validada após pagamento.
Podes enviar desde já por MbWay (identificando com o teu nome) para o 962 682 251 ou, por transferência bancária para Nib 0036 0052 9910 0304 8654 3 (indicar o nome da pessoa inscrita).
Existe um número máximo de 40 participantes. Inscreve-te preenchendo este formulário.