Curso: "Guerra, imperialismos e desafios à paz". Inscrições abertas

Há hoje um espectro que percorre o mundo: o espectro da guerra. Um ano depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, as terríveis consequências humanas, sociais, económicas e ambientais da guerra têm feito soar todos os alarmes quanto à possibilidade de escalada de um conflito de consequências catastróficas mundiais. 

A guerra voltou ao centro do debate público e mediático, ainda que nunca tenha desaparecido nem da memória e dos imaginários coletivos, nem como realidade quotidiana para milhões de pessoas, particularmente em países e regiões que nunca suscitaram o mesmo grau de atenção mediática e de empatia pública. Por outro lado, a omnipresença mediática guerra e da sua representação tem dificultado o debate sobre os caminhos para uma paz vista não só como antítese da guerra, mas como um programa amplo de enfrentamento e rutura com as diferentes formas de violência direta, estrutural e cultural que atravessam o mundo. 

Neste curso de formação aberto, que acontece dia 11 de março, na Fundação José Saramago, propomos o desafio de pensar o problema da guerra e dos imperialismos neste tempo em contraponto com os desafios que se colocam às lutas e à imaginação política pela paz. Entre o pessimismo da razão e o otimismo da vontade, queremos olhar para a omnipresença das guerras, da sua história e consequências no presente, e mesmo tempo pensar os rastilhos que podem reerguer novas alianças em nome da paz. 

No primeiro painel, das 10h às 12h30, começamos por debater “O mito da paz longa na Europa”, lembrando como, ao contrário do que é dito pelo discurso dominante, nas últimas décadas, este continente foi sempre marcado por guerras, umas dentro do espaço europeu, outras levadas pela Europa para outras geografias. Pedro Pezarat Correia abordará o tema das guerras na Europa durante a paz, Moara Crivelente discutirá as guerras levadas pela Europa ao mundo e Luís Fazenda olhará para o futuro da Europa perante a guerra que neste momento se desenrola no seu território. 

No segundo painel, das 14h às 16h, analisamos as estratégias de visibilização e de invisibilização das guerras, da sua representação e mediatização, tendo como mote o tema: “As tantas histórias das/nas guerras”. Neste painel, Sofia José Santos abordará o tema das disputas de narrativas e de imaginários como armas de guerra, Teresa Almeida Cravo analisará as guerras que se vêm e as que ficam na penumbra, enquanto Daniel Pinéu tratará a questão da guerra quanto negócio chorudo. 

No último painel, das 16h às 18h, propomos discutir “O movimento pela paz em tempos de guerra na Ucrânia”, estimulando a possibilidade de uma nova imaginação política para lá da guerra. Miguel Barreto desafiar-nos-á a pensar a diversidade dos pacifismos; José Manuel Pureza e Marcos Ferreira discutirão qual o espaço para o pacifismo em tempo de guerra; e Maria Paula Meneses olhará para a importância das lutas pela autodeterminação em nome da paz. 

O curso inclui bibliografia específica relacionada com os temas abordados.