Exposição “Marcelismo: o fim do regime” inaugurada esta quinta-feira

Abril é Agora inaugura esta quinta-feira exposição “Marcelismo: o fim do regime”

22 Fevereiro 2023 |

A exposição, que incide sobre o período 1968 – 1974, em que Marcelo Caetano assumiu a liderança de Portugal, estará patente, a partir das 11h30, na Escola Secundária Cacilhas Tejo, em Almada.

Nesse mesmo dia realiza-se nesta escola um debate com Fernando Rosas subordinado ao tema “Estado Novo. Como governam os ditadores?”.

O Abril é Agora reproduz o texto de introdução à exposição “Marcelismo: o fim do regime”:

Marcelismo: os anos do fim

A incapacitação física de Salazar abriu caminho à sua substituição por Marcelo Caetano, um dos principais homens do regime, que se considerava a si próprio mais adequado ao novo “espirito do tempo”. Brotaram expectativas quanto à liberalização e à modernização do regime, mesmo nalguns sectores da esquerda oposicionista.

Porém, novo “espírito do tempo” não significava nem democracia nem liberalismo político, mas uma tentativa de adaptação modernizadora do regime e do país, contornando os entraves impostos ao desenvolvimento económico no novo quadro do capitalismo internacional. Numa fase inicial abrandou o controlo sobre os sindicatos, pareceu querer tolerar as oposições eleitorais, mudou o nome aos principais aparelhos repressivos e de enquadramento dos trabalhadores. Mas, na verdade, nenhum deles foi desmantelado. Nem a polícia política, nem a Censura, nem o edifício corporativo.

Ao não querer resolver a questão colonial, alimentada por uma guerra prolongada, entrou num beco sem saída e fez dela o nó górdio do regime. A repressão intensificou-se, mas, num tempo de novas ideias, novos valores e mudanças profundas, semeou a contestação nos meios operários e estudantis, contra a guerra colonial e a vida cara, pelas liberdade e pela democracia. Reconfiguraram-se e radicalizaram-se as oposições. Eram os anos do fim. Em 1974, a 25 de Abril, o regime, velho de quase meio século, era deposto.