A revolução e o poder dos trabalhadores

A revolução e o poder dos trabalhadores

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Depois de um auditório cheio, na semana passada, para debater a Revolução e a Economia, nos próximos dias 4 e 5 de Abril voltarmos a juntar-nos para debater o 25 de Abril e o poder dos trabalhadores. A entrada é livre, com inscrição prévia, aqui: https://forms.gle/NobqHjp4msFhseyf8

Três características parecem moldar a enorme explosão social do mundo do trabalho na sequência do movimento militar de 25 de Abril de 1974. Em primeiro lugar, é sob o impulso das reivindicações dos operários fabris, dos trabalhadores dos serviços, dos assalariados rurais do Alentejo e Ribatejo e dos moradores dos bairros populares nas principais cidades do litoral que o golpe militar se transforma num processo revolucionário apontando, ainda que de forma diversa, para o socialismo.

Em segundo lugar, essa avalanche, em gestação desde as lutas dos anos finais da ditadura, avança um reportório reivindicativo onde se juntam as melhorias imediatas dos salários, do emprego, das condições do trabalho e da vida às exigências do saneamento dos patrões e gestores ligados à repressão e ao regime deposto ou à sabotagem económica, colocando a questão da propriedade mas também do poder dos trabalhadores nas empresas, nos campos do sul, no mundo urbano.

Em terceiro lugar, o movimento popular organiza-se espontaneamente a partir de baixo com a eleição nas fábricas, nos serviços, nas escolas, nos bairros e nos campos do sul, por iniciativa dos trabalhadores, de centenas de novos órgãos de vontade popular: as Comissões de Trabalhadores, as Comissões de Moradores, as cooperativas. Desafiam os sindicatos, a Junta de Salvação Nacional, os governos provisórios e os partidos que os integram e mesmo a repressão militar. Coordenaram as lutas e avançam para formas inéditas de autogestão e de controlo operário.

Olhar para a revolução de 1974/75 e o poder dos trabalhadores no cinquentenário desses anos de brasa e de esperança é o objetivo desta conferência, co-organizada pelo Abril é Agora e pelo  Instituto de História Contemporânea/NOVA/FCSH. Analisando casos concretos de lutas emblemáticas em empresas, setores industriais e zonas da Reforma Agrária, através da pesquisa recente de uma nova geração de investigadores ou de testemunho vivido de participantes veteranos. Tarefa tanto mais urgente quanto o revisionismo conservador das ciências sociais procura desqualificar ou silenciar a história do movimento operário. Torná-la criticamente presente surge assim como uma ferramenta essencial para encarar os desafios e as sombras do mundo de hoje.

 

PROGRAMA

Sexta feira, dia 4/4

14.00h - Abertura - Luís Trindade

14.30h - Painel I

O trabalho: entre as promessas de Abril e a regulação neoliberal : José Soeiro

Comissão de Trabalhadores, cooperativas, sindicatos. Novas e velhas formas de organização popular - Fernando Rosas

Autogestão e controlo operário: A banca - Ricardo Noronha

16.00h - Painel II

Autogestão e controlo operário

  • Autogestão e controlo operário: A Sogantal - Pamela Cabreira
  • Autogestão e controlo operário: A Mundet - Miguel Perez
  • Autogestão e controlo operário: A Nutripol - Luís Farinha

Sábado, dia 5/4

10.30h - Painel III

Extensão regional das lutas sociais

  • Distrito de Setúbal - João Pedro Santos
  • Alentejo - Constantino Piçarra

11.45h - Painel IV

A construção naval

  • Lisnave - Santana Henriques
  • Setenave - Jorge Fontes
  • Alfeite - Luís Filipe Pereira

15.00h - Painel V

Movimentos locais

  • Lanifícios da Covilhã - Joana Dias Pereira
  • Cooperativas da Azambuja - Bruno Filipe Brito
  • Marinha Grande/ fábrica Pereira Roldão – Emília Margarida  Marques

16.30h - Conclusão dos trabalhos